Na madrugada de terça‑feira, 14 de outubro de 2025, Alexandre Silveira, Ministro de Minas e Energia disse ao programa Bom Dia Ministro que o apagão que deixou todo o país no escuro não foi falta de energia, mas “um problema elétrico pontual” na subestação de Bateias, em Campo Largo, Paraná. O evento começou às 00h32 (horário de Brasília) e, embora tenha atingido os 26 estados e o Distrito Federal, a energia voltou gradualmente, com o Sul sendo o último a retomar o fornecimento às 02h30.
Contexto: como funciona o Sistema Interligado Nacional (SIN)
O Sistema Interligado Nacional (SIN) conecta usinas, subestações e redes de distribuição ao longo de cerca de 180 mil quilômetros de linhas de transmissão. Essa malha permite que a energia gerada em uma região — por exemplo, as hidrelétricas do Norte — seja direcionada para áreas que sofrem déficit, como o Sudeste durante períodos de seca. Na manhã de 14 de outubro, a região Sul exportava aproximadamente 5.000 MW para o Sudeste e Centro‑Oeste, o que fez com que a queda da subestação de 500 kV em Bateias provocasse um efeito dominó nas linhas interligadas.
Detalhes do incidente e da resposta técnica
Conforme informaram o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o desligamento automático de carga foi acionado para evitar um colapso maior. O ONS, com sede no Rio de Janeiro, recorreu a um corte programado que reduziu a carga em cada estado de forma proporcional, priorizando hospitais, hospitais e outros serviços essenciais. O ministro ressaltou que “o sistema perde uma subestação desse porte; ele corta programadamente um percentual em cada estado mais próximo”.
Enquanto o Norte, Nordeste, Sudeste e Centro‑Oeste já viam suas redes normalizadas às 01h30, o Sul — ainda afetado pela exportação de energia — só teve o fluxo completo restabelecido duas horas depois. Dados do Poder360 apontam que o estado de São Paulo sofreu a maior interrupção, com perda de 2,6 GW. Ainda assim, o tempo total de recomposição foi menor que em apagões anteriores de 2001 e 2021.
Reações de autoridades e do setor elétrico
Silveira, que assumiu o ministério em janeiro de 2023, reuniu‑se logo após o restabelecimento com representantes do ONS e da Copel, concessionária responsável pela subestação de Bateias. Ele enfatizou a diferença entre “falta de energia” — que caracterizou as crises de 2001 e 2021 — e “problemas na infraestrutura de transmissão”.
Especialistas consultados pelo Poder360 comentaram que ainda restam dúvidas sobre a origem exata do incêndio. Alguns sugerem falha de isolação; outros apontam para condições climáticas adversas que elevam o risco de curtos‑circuitos. De qualquer forma, concordam que um incêndio isolado dificilmente causaria um apagão nacional, a menos que ocorra numa subestação estratégica como Bateias.
Impacto econômico e social
Embora o corte tenha sido curto, a interrupção de 2,6 GW em São Paulo — o motor econômico do país — gerou perdas imediatas em indústrias de alta demanda, como metalurgia e produção de cimento. Estimativas preliminares do IBGE sugerem que o custo direto para o PIB pode alcançar R$ 150 milhões, considerando paralisações temporárias. Por outro lado, a rapidez na restauração evitou danos maiores ao equipamento dos geradores, reduzindo custos de manutenção para as empresas do segmento energético.
Na esfera social, hospitais e unidades de pronto‑socorro mantiveram energia graças aos geradores de reserva, como preconiza o protocolo de emergência do ONS. Moradores de áreas rurais relataram quedas de luz que duraram até 20 minutos, enquanto cidades maiores experimentaram oscilações mais curtas, o que gerou reclamações nas redes sociais, mas também elogios à agilidade das equipes de resposta.
Próximos passos e lições aprendidas
O Ministério de Minas e Energia divulgou que o ONS apresentará um relatório técnico detalhado dentro de 72 horas, seguindo o padrão de comunicação pós‑incidente. Silveira prometeu reforçar a manutenção preventiva nas subestações de alta tensão e acelerar a modernização da malha de transmissão, que incluiu a implantação de sensores de monitoramento em tempo real.
Além do relatório, o governo federal pretende abrir um canal de diálogo direto com as concessionárias — Copel, Eletrobras e outras — para revisar os planos de contingência. A ideia é evitar que um único ponto de falha cause desdobramentos em escala nacional novamente.
Histórico de apagões no Brasil
Os apagões de 2001 e 2021, que deixaram milhões sem energia por horas, foram marcados por falta de geração e planejamento insuficiente. Naquele período, o país ainda dependia fortemente de usinas hidrelétricas vulneráveis à escassez de chuvas. Hoje, a matriz energética é mais diversificada, com expansão de fontes eólicas e solares, reduzindo a probabilidade de déficit de geração. Ainda assim, a confiabilidade da transmissão permanece crítico, como mostrou o incidente de Bateias.
Em resumo, o episódio de 14 outubro reforça a necessidade de investimento não só em geração, mas também em infraestrutura de transmissão, que funciona como a espinha dorsal do SIN. Enquanto o país avança rumo a uma matriz mais limpa, a segurança da rede ainda depende de manutenção rigorosa e de respostas rápidas a falhas pontuais.
Perguntas Frequentes
Por que o apagão não foi causado por falta de energia?
O ministro Alexandre Silveira explicou que o corte se deu por um problema elétrico pontual na subestação de Bateias, ou seja, falha na transmissão, não por falta de geração. O SIN tinha energia suficiente; a interrupção ocorreu quando a subestação de 500 kV, que transporta cerca de 5.000 MW da região Sul, queimou.
Qual estado foi o mais afetado e por quanto tempo?
São Paulo sofreu a maior perda, com interrupção de 2,6 GW. O estado ficou sem energia por cerca de 90 minutos, enquanto a região Sul completa só teve o fornecimento restabelecido às 02h30, duas horas após o início.
O que o ONS fez para conter o problema?
O ONS acionou automaticamente um mecanismo de corte programado de carga, reduzindo o consumo em cada estado de forma proporcional. Essa medida evitou que a falha se transformasse em um colapso maior, preservando setores críticos como hospitais.
Quais são as lições que o governo pretende aplicar?
Além do relatório técnico a ser publicado em até 72 horas, o Ministério de Minas e Energia vai reforçar a manutenção preventiva das subestações de alta tensão e acelerar a implantação de sensores de monitoramento em tempo real, buscando evitar falhas pontuais que comprometem todo o SIN.
Como a população foi afetada na prática?
A maioria das cidades experimentou oscilações breves, enquanto áreas rurais ficaram sem energia por até 20 minutos. Serviços essenciais mantiveram energia graças a geradores de reserva, mas houve relatos de quedas de luz em estabelecimentos comerciais, o que gerou reclamações nas redes sociais.
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