Na noite de segunda‑feira, Sindicato dos Comerciários de Campina Grande e Região se sentou com representantes dos empregadores do setor de varejo de Campina Grande para dar o pontapé inicial nas negociações da convenção coletiva 2025/2026Campina Grande. O objetivo principal: assegurar os ganhos já conquistados e abrir espaço para novos benefícios, sobretudo um aumento salarial que ainda não foi fechado.
Contexto histórico das negociações
Desde 2021, o sindicato tem mantido um calendário de conversas anuais com os patrões, buscando equilibrar a pressão inflacionária e a sustentabilidade dos pequenos comércios locais. No último ciclo, em 2023/2024, foi garantido o piso de R$ 1.520,00 e a manutenção das cláusulas de segurança e CIPA. Esse histórico cria expectativas altas para a presente rodada, que já começa em clima de tensão.
Detalhes da proposta salarial
José Rogério Gonçalves de Moura, presidente do sindicato, apresentou um reajuste real de 15% para todas as categorias – supermercados, farmácias e outros estabelecimentos de varejo. Ele explicou que o número foi calculado para superar a inflação acumulada de 10,8% nos últimos 12 meses, garantindo, assim, ganho real ao trabalhador.
Se a proposta for aceita, o salário mínimo da categoria saltará para R$ 1.753,75, um salto que poderia colocar o piso de Campina Grande acima da média nacional para o segmento de comércio varejista.
Outras demandas em pauta
Além da questão salarial, a mesa de negociação trouxe uma lista de benefícios que o sindicato considera indispensáveis:
- Vale‑transporte ampliado, com cobertura para viagens noturnas após às 22h;
- Vale‑alimentação com valor mínimo de R$ 350,00 mensal;
- Liberação anual de servidores da CIPA para participação em treinamentos ou congressos da categoria;
- Pagamentos diferenciados para trabalho aos domingos e feriados, com compensação de folga;
- Licença quinzenal remunerada para todas as trabalhadoras mulheres;
- Manutenção do terceiro domingo de setembro como Dia do Trabalhador do Comércio.
O sindicato também quer garantir que trabalhadores terceirizados ou contratados via aplicativos tenham direitos equiparados aos dos funcionários regulares, um ponto que tem gerado atritos nas negociações de outros estados do Nordeste.
Reações e posicionamento dos empregadores
Os representantes patronais, que preferiram permanecer anônimos, reconheceram a necessidade de ajustar o salário, mas alertaram para o risco de aumento de custos operacionais em um cenário de queda no consumo local. Segundo o diretor de recursos humanos da Associação dos Empregadores do Varejo de Campina Grande, "um reajuste acima de 12% pode comprometer a margem de lucro de pequenas lojas, que já operam com estoque limitado".
O impasse parece concentrar‑se, portanto, na busca de um meio‑termo que combine o índice proposto pelo sindicato com um plano de apoio — como crédito barato ou parcelamento de encargos — para os estabelecimentos menores.
Próximos passos e datas importantes
A próxima reunião está marcada para terça‑feira, 15 de setembro, com foco exclusivo no segmento de supermercados. O sindicato adotou uma estratégia segmentada, acreditando que conversar separadamente com cada subsector permite ajustes mais finos às realidades de cada grupo.
Além disso, foi acordado que a data‑base da categoria permanecerá em 1º de julho, como já havia sido garantido, e que as cláusulas sociais já vigentes serão mantidas. O calendário indica ainda duas rodadas de conversa nas próximas três semanas, antes da eventual votação em assembleia geral prevista para novembro.
Impacto para a categoria e para a economia local
Se o acordo for fechado nos termos propostos, a elevação do piso salarial pode resultar em aumento do poder de compra dos consumidores de Campina Grande, impulsionando o giro das lojas e gerando um efeito multiplicador nas atividades de serviços auxiliares, como transporte e alimentação.
Por outro lado, o setor pode enfrentar um ajuste de custos que, sem mecanismos de apoio, poderia levar ao fechamento de algumas unidades menores, afetando a oferta de empregos. Economistas da Universidade Federal de Campina Grande já alertam que "um aumento salarial bem estruturado, aliado a políticas de crédito e capacitação, tem maior chance de gerar crescimento sustentável".
Conclusão
O caminho ainda é longo, mas a reunião de segunda‑feira deixou claro que tanto o sindicato quanto os empregadores reconhecem a urgência de fechar um acordo antes do fim do ano fiscal. Enquanto o debate sobre o aumento salarial de 15% segue aberto, as demais demandas – vales, CIPA, trabalho noturno – também ganharam visibilidade, sugerindo que o próximo round de negociações será ainda mais robusto.
Perguntas Frequentes
Como o aumento de 15% afetará o salário mínimo dos comerciários?
O reajuste elevará o piso da categoria de R$ 1.520,00 para R$ 1.753,75, garantindo ganho real acima da inflação e potencialmente tornando o salário médio acima da média nacional do varejo.
Quais benefícios além do salário estão sendo negociados?
Vale‑transporte noturno, vale‑alimentação, licença quinzenal para mulheres, pagamento extra para domingos e feriados, e igualdade de direitos para trabalhadores terceirizados ou de aplicativos.
Qual a posição dos empregadores sobre o aumento proposto?
Os patrões reconhecem a necessidade de reajuste, mas temem que um aumento acima de 12% pressione as margens de lucro, especialmente de pequenos comércios, podendo gerar demissões ou fechamento de lojas.
Quando acontecerá a próxima rodada de negociações?
A segunda reunião está agendada para terça‑feira, 15 de setembro, focada no segmento de supermercados, seguida por outras sessões ao longo das próximas três semanas.
Qual o impacto esperado desse acordo na economia de Campina Grande?
Um piso mais alto poderá aumentar o poder de compra e impulsionar o comércio local, mas exige políticas de apoio para evitar que custos adicionais levem ao fechamento de pequenos estabelecimentos.
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