Se você acompanha o Carnaval ou tem curiosidade sobre arte brasileira, provavelmente já ouviu o nome Rosa Magalhães. Nascida em 1964, em São Paulo, ela se tornou uma das maiores referências da arte carnavalesca. Formada em Artes Plásticas pela Escola de Belas Artes da USP, Rosa começou a trabalhar em escolas de samba ainda na década de 80, trazendo um olhar de escultura e design para os enredos.
O que diferencia o trabalho dela não é só a técnica impecável, mas a capacidade de transformar histórias e mitologias em peças gigantes que povoam a avenida. Cada carro alegórico parece um cenário de cinema, pensado nos mínimos detalhes, da iluminação à movimentação dos personagens.
A grande virada veio em 1993, quando Rosa assumiu a direção artística da escola Imperatriz Leopoldinense. Em poucos anos, a escola conquistou três Sambas‑enredo, todas com projetos de Rosa como referência. O enredo "Rios de Luz", de 1999, por exemplo, foi aclamado pela crítica por unir tecnologia de iluminação com esculturas de fibra de vidro, criando um efeito quase mágico.
Depois, ela migrou para a Portela, onde comandou projetos que misturavam tradição e inovação. Na 2015, o desfile "A Hora e a Vez de Aguiar" ganhou o troféu de melhor comissão de frente, graças à criatividade de Rosa, que incorporou elementos de artesanato indígena e referências ao folclore brasileiro.
Além das escolas tradicionais, Rosa tem colaborado com projetos independentes, como desfiles de blocos de rua e eventos culturais que fogem do circuito oficial. Seu estilo, sempre voltado para a narrativa visual, faz com que o público sinta a história sendo contada a cada passo.
Fora dos sambas, Rosa Magalhães também deixa sua marca em exposições, instalações públicas e programas educativos. Ela participou de bienais de arte contemporânea em São Paulo e no Rio, apresentando obras que dialogam com a memória coletiva do Brasil.
Um dos projetos mais marcantes foi a série de esculturas itinerantes sobre a história da música popular brasileira, exibidas em praças de várias cidades do país. Cada peça foi acompanhada de oficinas para jovens artistas, mostrando o compromisso de Rosa com a formação de novas gerações.
Além disso, a artista tem se envolvido em iniciativas de preservação do patrimônio cultural, colaborando com museus e institutos que buscam registrar e difundir as tradições do Carnaval. Seu trabalho como curadora em mostras tem ajudado a legitimar a arte carnavalesca como expressão artística de alto nível.
Hoje, Rosa Magalhães continua ativa, consultando escolas de samba, lecionando em universidades e participando de jurados em concursos de fantasias e adereços. Seu legado está nos milhares de artistas que foram inspirados por sua visão e no público que, a cada desfile, vive uma experiência única graças às suas criações.
Se você ainda não conhece Rosa Magalhães, vale a pena buscar vídeos dos desfiles premiados e conferir as exposições que ela curou. Cada obra conta uma história, e entender a trajetória dela ajuda a valorizar ainda mais a riqueza cultural que o Brasil oferece.
Rosa Magalhães, a icônica carnavalesca detentora do maior número de títulos no carnaval do Rio de Janeiro, faleceu aos 77 anos. Sua morte na quinta-feira, 25 de julho, deixou a comunidade do samba em luto. Magalhães é lembrada por seu imenso impacto nas celebrações do carnaval e seu legado cultural duradouro.