Na madrugada de 24 de fevereiro de 2025, Igor Melo de Carvalho, estudante universitário de 32 anos, retornava de seu turno em um bar do bairro Penha, na zona norte do Rio de Janeiro. Ele permanecia como passageiro em uma mototáxi conduzida por Thiago Marques Gonçalves, de 24 anos, quando a situação deu uma guinada violenta.
Segundo relatos de ambos, a dupla seguia tranquilamente pela via da viaduto da Penha quando o carro de um ex-policial militar, Carlos Alberto de Jesus, chegou logo atrás. A companheira do oficial, Josilene Souza, alegou que o casal havia roubado seu celular. As imagens das câmeras de segurança mostram o carro tentando ultrapassar a moto, mas, ao invés de simples ultrapassagem, o ex-policial disparou duas vezes, atingindo Igor nas costas.
Os disparos fizeram a moto perder o controle e os ocupantes precisaram saltar do viaduto para escapar. A bala atravessou a coluna vertebral de Igor, danificando rim, baço, intestinos e estômago. Ele foi rapidamente socorrido e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, onde permaneceu em estado crítico sob custódia policial.
Ao chegar ao hospital, Igor recebeu a notícia de que havia perdido um dos rins. Apesar da gravidade, ele evoluiu e recebeu alta no dia 2 de março, retornando ao trabalho pouco tempo depois.
O caso rapidamente ganhou destaque nas mídias locais e nas redes sociais, desencadeando debates sobre abuso de autoridade e violência policial. O vereador Leonel de Esquerda (PT), que conhece Igor por vias do clube de futebol Botafogo, manifestou que as provas contra o motorista da moto são insuficientes e destacou a falta de antecedentes criminais de Thiago.
A empresa de aplicativo 99, responsável pela plataforma que intermedeia a corrida, divulgou um comunicado lamentando o ocorrido. A companhia informou que enviou equipes especializadas para apoiar as famílias e se colocou à disposição das autoridades para colaborar nas investigações.
A Polícia Civil está conduzindo a investigação preliminar, enquanto a Corregedoria da Polícia Militar analisará o comportamento do ex-oficial, que ainda mantém sua condição de civil, mas foi responsabilizado por ação violenta. Até o momento, as acusações de roubo contra Igor e Thiago foram arquivadas, e os advogados de Thiago já solicitaram a revogação definitiva de sua detenção.
Enquanto o processo judicial avança, a comunidade de Penha demonstrou apoio a Igor. No retorno ao bar, colegas e clientes o receberam com abraços, música e um bolo, celebrando sua recuperação. O episódio evidenciou, mais uma vez, a tensão entre cidadãos e ex-membros das forças de segurança, reforçando a necessidade de mecanismos mais eficazes de controle e responsabilização.
O tiroteio Rio de Janeiro ainda tem desdobramentos aguardados: depoimentos de testemunhas, análise das imagens de segurança e eventual decisão sobre a responsabilização criminal do ex-policial. O caso segue como referência para debates sobre segurança pública e direitos civis na cidade.
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