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Fluminense leva gol no fim e precisa virar no Maracanã contra o Lanús pela Copa Sul-Americana

Fluminense leva gol no fim e precisa virar no Maracanã contra o Lanús pela Copa Sul-Americana
Por marcus williford 20 set 2025

O jogo em Buenos Aires

Gol no fim dói mais. Foi assim para o Fluminense, que perdeu por 1 a 0 para o Lanús no Estádio La Fortaleza, em Buenos Aires, e volta ao Rio com a obrigação de virar no Maracanã. Marcelino Moreno decidiu nos instantes finais e deixou a equipe argentina com a vantagem nas quartas de final da Copa Sul-Americana. O roteiro teve controle tricolor por longos trechos, pouca produção ofensiva de ambos os lados e, no fim, um castigo para quem errou a mão nas trocas e afrouxou a marcação quando não podia.

O primeiro tempo foi de paciência. O Fluminense rodou a bola, esfriou o ambiente e conseguiu reduzir os riscos perto de Fábio. Thiago Silva organizou a linha de defesa com Freytes, Renê fechou bem por dentro para dobrar a marcação, e Hércules deu o primeiro combate à frente da zaga. Faltou, porém, transformar posse em chegada. Sem acelerar pelos lados, o time criou pouco e praticamente não obrigou Lucas Acosta a trabalhar.

O Lanús, de Mauricio Pellegrino, fez o que costuma fazer em casa: compactou as linhas, esperou o erro e, quando teve a bola, buscou acelerar pelos corredores com Salvio e Walter Bou. A marca registrada foi a insistência em bolas longas nas costas de Guga e nas diagonais às costas dos volantes. Funcionou mais pela teimosia do que pela clareza, mas serviu para empurrar o Fluminense alguns metros para trás.

Depois do intervalo, a pressão territorial cresceu. Não foi uma avalanche de chances, longe disso, mas o Lanús passou a jogar mais tempo no campo tricolor. O Fluminense, com dificuldade de segurar a primeira bola no ataque, se viu obrigado a recuar, encurtando a distância entre Cano — que começaria a noite no banco — e o meio. A saída ficou mais previsível, e os argentinos ganharam segundas bolas.

Renato Gaúcho mexeu aos 24 do segundo tempo. Sacou Serna, que teve jornada insegura, e também Martinelli, até então um dos pilares ao lado de Hércules. Entraram Soteldo e Bernal. A ideia era ganhar drible e ter mais um pé leve por dentro para acelerar a transição, mas o efeito foi o oposto. O time perdeu sustentação no miolo e passou a correr mais para trás do que para frente.

Bernal sentiu o jogo. Amarelou pouco depois de entrar, errou passes simples e não conseguiu dar sequência às jogadas. Soteldo, novamente, ficou devendo na tomada de decisão: prendeu lances fáceis, não tabelou e finalizou pouco. A estrutura, que vinha razoavelmente equilibrada, se desfez. O Lanús percebeu, adiantou a marcação e manteve o Fluminense encurralado.

Já aos 39, nova rodada de trocas: saíram Guga, Everaldo e Nonato; entraram Fidelis, Cano e Lucho Acosta. Cano, guardado até ali, teve pouco tempo para encontrar o jogo. Lucho tentou dar um passe vertical de qualidade, mas a equipe seguia espaçada. O lado direito, onde Guga vinha sofrendo, não melhorou o bastante para frear as investidas de Marcich e Marcelino Moreno, que transitavam com liberdade nas costas dos volantes.

O gol saiu naquilo que o jogo vinha pedindo: concentração até o fim. Marcelino Moreno apareceu entre linhas, recebeu com vantagem e bateu no canto, sem dar chance a Fábio. Um lance construído pela insistência granate na faixa central, aproveitando a distância entre zaga e meio tricolor nos minutos finais. Para quem resistiu por quase todo o jogo, um detalhe custou caro.

Em termos individuais, Thiago Silva foi o líder de sempre, bem na leitura de cortes e coberturas. Freytes ganhou duelos aéreos importantes. Renê foi seguro na proteção da área. Guga teve noite difícil na recomposição, e isso condicionou o posicionamento do resto da linha. Martinelli, até sair, foi o termômetro do meio — quando ele tocava mais na bola, o Fluminense respirava. Hércules batalhou, mas ficou exposto quando perdeu o parceiro ao lado. Nonato alternou bons apoios com perdas de bola que acenderam o alerta. No ataque, Everaldo participou pouco e ofereceu pouca profundidade. Canobbio correu, marcou, mas faltou capricho na última bola. Cano, com poucos minutos, não conseguiu alterar o roteiro.

Do outro lado, o Lanús apresentou sua cartilha. Pellegrino mandou a campo Lucas Acosta; Morgantini, Izquierdoz, Canale e Marcich; Medina, Cardozo e Aquino; Salvio, Marcelino Moreno e Walter Bou. Izquierdoz mandou na área, Canale foi firme no chão e Marcich sustentou a amplitude com cruzamentos constantes. No meio, Medina e Aquino protegeram a entrada da área e deram o ritmo da pressão. Moreno foi o diferencial técnico, achando espaços onde não parecia haver.

O resultado de 1 a 0 não é irreversível, mas muda o clima. A sensação é de que o Fluminense tinha o jogo na mão para voltar com um empate e falhou na gestão dos últimos 15 minutos. Em mata-mata, isso pesa. Ainda mais em La Fortaleza, onde o Lanús se agarra à própria história: campeão da Sul-Americana em 2013 e finalista em 2020, o clube se sente confortável no jogo de detalhes.

O que muda para a volta no Maracanã

O que muda para a volta no Maracanã

A conta é simples. Não há mais regra do gol fora na Conmebol. Se o agregado terminar empatado, a decisão vai direto para os pênaltis. Ou seja: vitória tricolor por um gol leva para as cobranças; triunfo por dois ou mais coloca o Fluminense na semifinal. Qualquer empate dá a vaga ao Lanús.

Jogar no Maracanã muda a paisagem. O time cresce com a arquibancada pulsando e se acostumou a noites grandes ali — o torcedor não esquece a Libertadores de 2023 e a Recopa. O campo maior favorece o passe curto e a circulação que o Fluminense gosta de fazer para desmontar defesas mais baixas. Com mais espaço, é possível acelerar por dentro e, principalmente, atacar os lados com mais gente.

O primeiro ajuste tem a ver com equilíbrio. Sem Martinelli, o time perde sustentação; com ele inteiro, a saída de bola é outra. A tendência é que ele seja preservado até o fim, sem trocas precoces que desmontem o miolo. Hércules precisa de um parceiro ao lado para não ficar correndo atrás do prejuízo. Se Bernal voltar a ser opção, terá de ser em um contexto mais protegido, evitando o um contra um em zonas perigosas.

No ataque, a dúvida prática é não adiar o inevitável: Germán Cano. Em jogos assim, área decide. Começar com o artilheiro aumenta a presença ofensiva e dá um ponto de referência para o time respirar com a bola. Com Cano desde o início, Canobbio e mais um ponta — seja Soteldo, seja outra alternativa — podem atacar as costas de Izquierdoz e Canale com diagonais curtas, enquanto os volantes chegam de frente para brigar por rebotes.

Os lados do campo pedem atenção. O corredor direito sofreu na ida, e isso não é detalhe. Se Guga for mantido, a cobertura precisa ser mais coordenada, com o volante fechando por dentro no timing certo e o ponta do setor recuando uma linha para dobrar. Do lado esquerdo, Renê tem sido confiável, mas precisa de uma opção de passe curto à frente para evitar ficar preso a cruzamentos forçados.

Outra chave é a altura da primeira pressão. Em Buenos Aires, quando o Fluminense adiantou a marcação com todos os gatilhos bem encaixados — lateral pressionado, passe para trás, goleiro acionado — recuperou bolas úteis. Em casa, repetir esse padrão com consistência pode transformar roubos em finalizações, especialmente se Cano e os meias estiverem próximos para concluir de primeira.

Psicologicamente, o desafio é controlar a ansiedade. Pressa demais contra time argentino costuma virar contra-ataque. O Fluminense precisa de aceleração com critério: alternar posse longa para tirar o Lanús da zona de conforto com estocadas em velocidade quando surgir o espaço. Fábio, que vive temporada sólida, segue como ponto de segurança; a defesa, com Thiago Silva comandando a linha, tem lastro para jogar adiantada se o meio encurtar os espaços.

Do lado do Lanús, a missão fora de casa é segurar o primeiro tempo, esfriar o Maracanã e apostar em bolas paradas e transições curtas. Izquierdoz e Canale tendem a travar o jogo com choques e faltas táticas. Medina e Aquino vão tentar arrastar o jogo para uma batalha física. Quanto mais confortável o Lanús estiver sem a bola, mais o relógio vira adversário do Fluminense.

Alguns cenários para a volta ajudam a desenhar o plano de jogo:

  • Se o Fluminense sai na frente cedo, a gestão de ritmo vira prioridade para evitar o contra-ataque que dá vida ao Lanús.
  • Se o jogo empaca, variações como inverter o lado forte (atacar pelo setor de Marcich e não apenas por Morgantini) e atacar o espaço entre lateral e zagueiro podem destravar a marcação.
  • Se o Lanús marca primeiro, a exigência vira duas bolas na rede — e aí a leitura de Renato nas trocas não pode atrasar.
  • Se a vitória por um gol se desenhar, é preparar emocional e taticamente o time para a disputa de pênaltis, sem se desorganizar na busca desesperada pelo segundo.

Há, sim, elementos para confiar. O Fluminense tem repertório para criar e gente experiente para segurar a bronca. Mas o recado da ida foi claro: sem equilíbrio no meio, o time perde o rumo. Com Martinelli protegido, Hércules mais fixo, laterais bem amparados e Cano desde o início, o desenho muda. E, com o Maracanã cheio, a energia que faltou nos minutos finais em La Fortaleza tende a sobrar no Rio.

O cronograma ajuda: uma semana cheia para treino ajusta posicionamento, bola parada e mecânica de pressão. O detalhe que faltou na Argentina precisa aparecer em casa. A margem é curta, e o adversário sabe sofrer. Noite grande pede decisão grande — nas escolhas, no campo e na arquibancada.

  • setembro 20, 2025
  • marcus williford
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