O Rio de Janeiro não parou na manhã em que João Fonseca, aos 18 anos, cravou seu nome entre os brasileiros com vitórias em chaves principais de Roland Garros. Em um duelo eletrizante diante do francês Pierre-Hugues Herbert, veterano e especialista em duplas, Fonseca mostrou maturidade além da idade para dominar os momentos decisivos. Foram 2 horas e 54 minutos de tensão e aplausos ao redor da abarrotada quadra 7. O placar de 7-6, 7-6, 6-4 não só carimbou a inédita vitória para o jovem como transmitiu uma mensagem de confiança para o futuro do tênis nacional.
O que mais chamou atenção foi a capacidade do brasileiro de suportar a pressão da torcida adversária, ainda mais diante do anfitrião. Herbert começou forte, buscando atacar o segundo saque de Fonseca, mas o brasileiro conseguiu ajustar rápido seu jogo, matando rallies com o backhand potente e respondendo com aces nos momentos críticos. Nos dois sets iniciais, demonstrou frieza até nos tie-breaks, levando a melhor com coragem nos pontos cruciais. No terceiro set, conquistou a quebra logo ao sentir o clima favorável do público se inverter, dominando do início ao fim.
Não demorou para as redes sociais e mesas redondas levantarem comparações entre Fonseca e o lendário Gustavo Kuerten. Os dois, afinal, são símbolos de esperança para o tênis brasileiro em solo francês. João não esconde a inspiração, mas ressalta que sua carreira começa a trilhar um caminho próprio, já cativando observadores internacionais e tornando-se assunto fora do Brasil. Ninguém ignorou o jeito vibrante – e até provocador – de celebrar cada ponto importante, conectando-se com quem estava nas arquibancadas, lembrando a tão falada mística brasileira em Roland Garros desde os tempos de Guga.
Agora, a terceira rodada reserva desafios ainda maiores. O adversário será o britânico Jack Draper, número um de seu país e já colecionador de partidas duríssimas no circuito. Para Fonseca, a missão é clara: manter o equilíbrio emocional, explorar as variações de saque e repetir a ousadia dos primeiros jogos. Uma vitória pode significar mais do que um avanço de fase – pode dar ao Brasil uma nova referência no Grand Slam do saibro, sentimento que não se vivia desde o início dos anos 2000. Nos bastidores, a equipe de Fonseca trabalha para blindar o atleta diante das novas expectativas e curiosidade do público mundial.
O apelo popular em Paris cresce. Se antes Fonseca era novidade para muitos europeus, a cada jogo conquista fãs com suas celebrações, carisma e estilo agressivo. Para o tênis brasileiro, a campanha já representa um respiro e um convite para acreditar de novo em grandes feitos. O último brasileiro a causar esse tipo de euforia em Roland Garros usava tiara e sonhava alto – agora, o tênis nacional vê surgir uma nova aposta, com toda a pressão e entusiasmo que o momento pede.
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