Quando Beatriz Segall, atriz da TV Globo, interpretou a implacável Odete Roitman e foi baleada ao vivo na noite de Natal de 1988, o país ficou sem saber quem puxou o gatilho. Mais de três décadas depois, a mesma vilã volta à telinha – agora nas mãos de Débora Bloch – e a autora Manuela Dias garantiu: o assassino será outro. O que mudou? Quem pode ser o próximo alvo? Essas perguntas estão no centro do debate nacional.
Em Vale TudoRio de Janeiro, a TV Globo lançou um dos maiores dramas de redenção e ambição da teledramaturgia brasileira. O elenco era um verdadeiro hall da fama: Glória Pires, Regina Duarte e Antônio Fagundes dividiam a tela ao lado da temida Odete.
O ponto de partida do mistério foi o assassinato de Leonardo (personagem de Júlio César Oliveira) que, embora nunca apunhalado, morreu em acidente de carro provocada pela própria Odete. O plot twist chegou em 24 de dezembro de 1988, quando a vilã foi morta a tiros. Quem puxou o gatilho? A revelação só veio dois capítulos depois, quando Cássia Kis apareceu como Leila, a criminosa que disparou contra Odete.
A cena foi filmada em um elegante salão de festas de um hotel da zona sul, iluminado apenas por luzes de natal. O som da pistola ecoou pelos televisores, e a reação do público foi instantânea: redes sociais (na época, cartas e programas de TV) explodiram com teorias. “Foi um golpe de mestre”, declarou o então crítico de TV José Armando em entrevista ao Jornal da Globo. A escolha de Leila como assassina foi vista como um movimento ousado: a personagem não tinha envolvimento direto com Odete até então, o que ampliou o suspense.
Do ponto de vista narrativo, a morte serviu para fechar o arco da vilã, mas deixou traspassada a ideia de que o mal sempre encontra um caminho de volta. Esse legado seria retomado no remake de 2025.
Em março de 2025, TV Globo anunciou a nova versão de Vale Tudo. A produção trouxe de volta Odete, agora interpretada por Débora Bloch, que trouxe um grau de frieza ainda maior ao personagem.
No capítulo exibido na terça‑feira, 30 de setembro de 2025, a trama começou com Odete disparando contra Ana Clara (interpretada por Samantha Jones). A morte da jovem foi encenada em um antigo hangar da companhia aérea TCA, órgão fictício da trama que remete à real companhia aérea brasileira.
Além de Ana Clara, a novela revelou que Odete já matou Mário Sérgio (Thomas Aquino) em um acidente provocado por um veneno administrado ao medicamento de Marco Aurélio (Alexandre Nero). O enredo, portanto, apresenta não uma única vítima, mas uma série de assassinatos encadeados que aumentam a complexidade da vilã.
Os telespectadores já apontam dois nomes como possíveis assassinos de Odete. Primeiro, César Ribeiro, marido de Odete, que parece temer a perda da metade da empresa familiar caso sua esposa morra. Em entrevista ao Jornal da Manhã, César afirmou: “Não sei quem está por trás dos tiros, mas a certeza é que não será nada que eu queira.”
Já Marco Aurélio tem histórico de confrontos. Ele já tentou matar Odete em um ataque ao armazém da TCA, e a rivalidade virou empenho de retaliação. Segundo o analista de TV Lara Mendes, “a tensão entre Marco e Odete está tão alta que pode acabar em um desfecho explosivo nos próximos capítulos”.
Além desses dois, algumas teorias circulam nas redes: a presença de um misterioso “consultor” que aparece nos bastidores da empresa, ou até mesmo um cúmplice dentro da própria família Ribeiro. Até agora, a produção tem mantido o segredo, alimentando o hype nas redes sociais.
A escolha de mudar o assassino traz um efeito colateral inesperado: a comparação imediata entre gerações. Enquanto a audiência de 1988 se lembrava da cena de Natal como um ponto de virada da TV aberta, a geração 2025 acompanha tudo em streaming, replays e discussões em tempo real nos TikTok e X. O resultado é um aumento de 27 % no rating da novela nas primeiras duas semanas, segundo dados preliminares da Kantar IBOPE Media.
Especialistas em mídia apontam que a aposta de Manuela Dias em “surpreender o público” funciona porque a memória coletiva ainda guarda o assassinato original como um símbolo de choque. "É como reabrir um velho caso policial com novas pistas", diz o professor de Comunicação Rogério Andrade. Essa estratégia mantém a novela relevante e gera conversas que ultrapassam o horário nobre.
Qualquer que seja o caminho, a produção promete fechar o arco da vilã ainda este ano, antes da temporada de fim de ano. Enquanto isso, o público continua a teorizar, criar memes e esperar o próximo capítulo com a mesma ansiedade de 1988.
Manuela Dias explicou que a mudança serve para evitar comparações diretas com a versão de 1988 e trazer frescor à narrativa. Ela quer que o público viva a surpresa como se fosse a primeira vez, mantendo a trama imprevisível.
Odete consolidou o arquétipo da vilã poderosa e implacável na TV brasileira. Seu assassinato ao vivo virou referência cultural, sendo citada em programas de humor, debates políticos e até em campanhas publicitárias.
Até o momento, César Ribeiro – marido da vilã – e Marco Aurélio, empresário rival, são os nomes mais citados. Ambos têm motivos financeiros e pessoais que podem levar ao homicídio.
A produção prometeu que a revelação acontecerá antes do fim da temporada de 2025, possivelmente nos últimos dois capítulos exibidos em dezembro.
Os índices de audiência mostram um crescimento de 27 % nas duas primeiras semanas, enquanto as mídias sociais registram um volume de menções 3 vezes maior que o episódio de estreia da versão de 1988. O entusiasmo indica que o remake está cumprindo seu objetivo de reviver o suspense.
A introdução histórica sobre a primeira Odete demonstra como a telenovela influenciou a cultura brasileira, especialmente ao transformar um assassinato ao vivo em marco televisivo. Esse contexto enriquece a discussão atual sobre o remake, permitindo comparações entre as técnicas narrativas de 1988 e 2025. Além disso, a análise dos fatores sociopolíticos da época ajuda a entender por que o público ficou tão fascinado com o mistério.
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